A PESQUISA DA CASA DE APRENDIZAGENS EM TORNO DE UM SUJEITO

PPP Casa de Aprendizagens

Muito falamos dos sujeitos em torno dos quais se estabelece e se desenvolve a pesquisa dos estudantes da CASA de Aprendizagens. Por isso, trazemos neste artigo um exemplo, abordando suas relações com o nosso Tema Provocador de Experiências Investigativas. E a partir da prática concreta, apontamos também alguns caminhos projetados por nossos educadores e educadoras para a sua exploração.


O SUJEITO “TRABALHO” E SUAS RELAÇÕES

O nosso Tema Provocador de Experiências Investigativas, “ESPERANÇAR – Pedagogia dos Sonhos Possíveis”, inspirado em Paulo Freire, se desdobra em três Eixos: EDUCAÇÃO, POLÍTICA e TERRITÓRIOS/TRAJETÓRIA. Todos eles em extrema conexão com as ideias e os ideais freirianos.

O Eixo EDUCAÇÃO contempla ainda uma subdivisão, da qual faz parte o tópico Trabalhador/Transformação. Atrelado às relações de trabalho, ele implica a reflexão sobre os condicionamentos de cada ocupação, mas também sobre os saberes construídos na lida diária. Ao mesmo tempo, ele remete à noção de classe social e à força da coletividade por ela representada.

Portanto, um dos pontos de partida do tópico Trabalhador/Transformação é o conceito de trabalho, que se transforma em sujeito de pesquisa na CASA de Aprendizagens. E é a partir dele que os estudantes do Ensino Fundamental I estão construindo e comprovando suas hipóteses.

PROJETAÇÕES PRÁTICAS

Em um estudo relacional, uma das turmas do Fundamental I saiu pelo bairro para entrevistar diversos trabalhadores. As próprias crianças traçaram o trajeto a ser percorrido, mostrando que sabiam se localizar e encontrar os lugares com facilidade.

Algo constatado sem demora é que não seria fácil acompanhar o ritmo da fala dos entrevistados e anotar tão rapidamente suas respostas. Logo, as crianças perceberam que precisavam se organizar e criar estratégias para registrá-las. Foi um exercício bastante desafiador e que exigiu muitas competências.

Por outro lado, os estudantes foram bem recebidos nos lugares visitados, e todos se mostram atenciosos, ensinando muito às crianças. Eles conheceram os trabalhos essenciais a cada estabelecimento, correspondentes a diversas profissões. E também descobriram que alguns entrevistados começaram a trabalhar muito cedo, o que surpreendeu as crianças.

As perguntas sobre salário foram feitas com muita delicadeza e respeito. Mas, por meio delas, os estudantes começaram a entender o que significa o valor efetivamente pago a cada trabalhador ou trabalhadora pelas horas de serviço prestadas. Curiosamente, a pergunta que os entrevistados mais tiveram dificuldade de responder foi: “Por que você trabalha?” As respostas foram muito variadas e suscitaram novas investigações.

DESDOBRAMENTOS DE UMA EXPERIÊNCIA

Em outra ocasião, os estudantes puderam vivenciar as condições de vida de um trabalhador ou trabalhadora. Eles foram até o supermercado para descobrir o quanto uma pessoa consegue comprar com R$ 144. Pois esse é, em média, o valor que resta para a alimentação de uma pessoa dependente do salário-mínimo depois de pagar as suas outras contas.

Os estudantes então fizeram uma lista com tudo o que achavam imprescindível para passar o mês. E, em seus passeios pelas gôndolas, puderam verificar que os alimentos que eles próprios consomem estavam muito caros. Concluindo que o dinheiro que tinham era pouco para a alimentação básica do brasileiro.

Levar as crianças ao mercado com esse objetivo acarretou, sobretudo, uma experiência empática. E isso por ter viabilizado a elas compararem o que gastam com o que é possível ao sustento de muitas famílias. Além, é claro, das habilidades mobilizadas, como noções de cálculo e matemática.

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