Como a cultura indígena participa do processo educativo?
Encontro com Dyru da comunidade Kariri-Xocó
Há alguns anos, na CASA de Aprendizagens, discutimos o significado do dia 19 de abril e dos termos utilizados para nos referirmos aos povos indígenas. E o tema provocador de experiências investigativas de 2020 – Brasil: Uma História Preta e Indígena – nos permitiu mergulhar nesta história. História pouco revelada e, muitas vezes, mal contada sobre os povos originários do nosso país.
Dyru, membro da comunidade Kariri-Xocó
Neste primeiro semestre de 2021, o tema Território é o objeto de pesquisa da Turma 4 da manhã, composta pelo 2º e 3º anos do Ensino Fundamental I. Ao mesmo tempo em que ele dá continuidade à investigação do ano anterior, ele a desdobra e a complexiza.
E para debatê-lo à altura, o indígena Dyru, da comunidade Kariri-Xocó, localizada às margens do Rio São Francisco, encontrou-se virtualmente com a turma.
Realizado no simbólico 19/04/2021, o encontro contou com muitas perguntas das crianças, generosamente respondidas por Dyru, que dividiu muitos ensinamentos e sabedoria. Sobre esta data especificamente, ele esclareceu que:
Realizado no simbólico 19/04/2021, o encontro contou com muitas perguntas das crianças, generosamente respondidas por Dyru, que dividiu muitos ensinamentos e sabedoria. Sobre esta data especificamente, ele esclareceu que:
“Foi uma história que eles inventaram, entendeu? Então a escola não conta direito. A escola conta através do livro, mas o que está no livro não é tudo verdade.”
A Cultura Kariri-Xocó
Os nativos Kariri-Xocó representam a fusão de vários grupos tribais que vivem na aldeia às margens do rio São Francisco, no ecossistema da Floresta Atlântica. Eles ainda preservam muitos rituais tradicionais e, neste sentido, Dyru falou sobre a história que não está nos livros e não costumam ensinar nas escolas. Quantos assuntos relacionados a diversas áreas do conhecimento, como História, Geografia e Ciências, não foram abordados nesta conversa?
Foi ainda esclarecido que seu povo tem duas aldeias, uma com casas feitas de tijolos e próxima à cidade, onde eles recebem as visitas dos homens brancos. A outra é feita com ocas de pau-a-pique e reservada exclusivamente a seu povo, para preservar suas tradições e costumes. Os peixes pescados no Rio São Francisco, com arco e flecha, e a farinha de mandioca são as principais fontes de alimentação dessa comunidade.
Dyru revelou que eles possuem sim celular, televisão, carro, moto, água encanada e energia elétrica dentro das casas. Quando questionado por nossas crianças se há internet em sua comunidade, ele respondeu “As crianças aqui não usam internet. Os pais não deixam, para elas não pararem de brincar do lado de fora. Ficar muito tempo no celular não pode, porque senão fica doente”.
Os Ensinamentos da Convivência e da Autonomia
Também contou Dyru Kariri que, na escola, as crianças aprendem pelo exemplo, vendo como os adultos agem. “Nas brincadeiras, como respeitar os pais. Como comer, para não encher o prato demais, para não exagerar. Crianças são muito puras. As professoras aqui ensinam com a convivência.”
Após a conversa com a turma, Dyru Kariri compartilhou algumas referências audiovisuais riquíssimas sobre a cultura de seu povo que podem ser acessadas aqui.
No vídeo, vemos as crianças do grupo de estudos do idioma e da cultura Kariri-Xocó se auto-organizarem e cantarem o Toré, músicas de saberes ancestrais.
O vídeo, feito em março deste ano, apresenta um recorte de uma cultura que alimenta o nosso tema investigativo do semestre. Ao mesmo tempo, ele evidencia o papel educativo da Arte, traduzida pela música, para esta comunidade. Assim como mostra o valor da autonomia e do autoconhecimento no processo de ensino-aprendizagem.
Estes, que são também os pilares da CASA de Aprendizagens, quando praticados por nossos ancestrais, fortalecem os nossos vínculos com os povos originários. E mais, nos inspiram e nos apontam para a continuidade da visão de mundo que temos buscado e encorajado em nossos estudantes.
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