Ainda no ano de 2020, educadores e estudantes do Ensino Fundamental II construíram juntos o tema que nortearia os processos de pesquisa de 2021: Empatia: Como e por que se deslocar se de si para conhecer o outro, se colocar na situação do outro, construindo senso ético?
Definido o campo a ser investigado, durante a Jornada Pedagógica realizada no início deste ano, os professores discutiram possíveis abordagens relacionadas às diferentes áreas do conhecimento. E o conceito de empatia os levou à construção de três diferentes eixos: Contradições, Ética e Deslocamentos.
Cada um destes eixos engloba três ou quatro disciplinas, que criam em conjunto uma nova pergunta. Estas outras questões se configuram como trilhas pesquisa na busca de possíveis respostas para a pergunta investigativa que as congrega.
É comum escutarmos que deveríamos ser mais empáticos ou mesmo, frente a algumas situações do dia a dia, reconhecermos ter fracassado no exercício da empatia. Quando surgem tais comentários ou pensamentos, normalmente, temos a impressão de que a empatia está associada a uma compreensão positiva do fato em análise. Bem como chegamos a considerar que a atitude empática se dê independentemente da situação examinada.
No entanto, quando tentamos exercer a empatia em determinados momentos, acabamos entrando em conflito com nós mesmos. Por isso, o eixo em questão parte do princípio da contradição para refletir sobre o assunto. E, tendo isso em vista, pretende traçar uma linha de pesquisa baseada nos opostos, viabilizando uma melhor compreensão da empatia e da ética.
Assim, o Eixo Contradições, que contempla, interdisciplinarmente, Ciências, Teatro, Inglês, Jogos e Brincadeiras, se coloca as seguintes perguntas:
– Estaria a empatia relacionada ao certo ou errado, bom ou ruim?
– Nascemos empáticos ou aprendemos a exercer a empatia?
E, por meio destes questionamentos, mobiliza suas investigações no sentido da ciência da empatia, de modo que ela seja pensada e praticada de modo consciente. Pois, deste modo, espera-se proporcionar o olhar, a escuta e a ação sensíveis ao indivíduo que a exercita.
Não é de hoje que temos a consciência de que a sociedade contemporânea é extremamente desigual, marcada pela competição e pelo consumo desenfreado. O que, por sua vez, tem acarretado uma existência autocentrada, a qual contradiz a coexistência das pessoas no mesmo espaço e tempo. Concernente a isso, o Eixo que aqui se apresenta observa a necessidade de se compreender uma ética baseada na empatia.
O Eixo Ética, que abrange Filosofia, História, Língua Portuguesa e Música, abre seu escopo de análise. Busca por propostas educativas que permitam o desenvolvimento da capacidade de assumir perspectivas cada vez mais amplas de convivência. Isso considerando, primeiramente, a perspectiva do “eu – ego”, onde tudo gira em torno de si, e a expandido até alcançar a visão do “nós”. Desta mirada, em que as coisas giram em torno da nossa família e do nosso grupo, visa-se ainda chegar a “todos”.
Totalidade esta que compreende não apenas os seres humanos, mas também as demais espécies viventes do planeta. Em uma sociedade pautada pelo individualismo, pretende-se reconhecer a empatia como força coletiva capaz de alterar eticamente os contornos da paisagem social e política.
Logo, o pensamento ético deste eixo visa a alteridade, a coletividade e a cooperação. E se justifica pela necessidade de incorporar não apenas os conceitos, mas, sobretudo, o exercício da empatia em nossa vida cotidiana. Já que, em meio a pluralidade de valores que vivemos, faz-se necessário uma compreensão empática da realidade para tomarmos decisões éticas de forma equânime.
Ao evidenciar um dos termos da pergunta investigativa, o Eixo Deslocamentos visa desdobrar e aprofundar esta questão inicial. Para tanto, ele parte da seguinte indagação:
– Como se deslocar para provocar reflexões – em mim e no meio –, a fim de construir uma consciência empática e ética?
Desta forma, ele busca compor a interdisciplinaridade a partir do desenvolvimento de percepções do ser empático – eu/outro – relacionadas à ocupação do território, especialmente o brasileiro. E contempla as seguintes áreas do conhecimento: Geografia, Matemática e Artes.
Com a intenção ainda de esmiuçar a provocação inicial lançada por este eixo de pesquisa, outros questionamentos se colocam. Como são nossos deslocamentos individuais e coletivos? Qual a relação da empatia com os deslocamentos, a ocupação do território e a intervenção no meio? Com isso, objetiva-se construir relações e novos significados sobre nossos deslocamentos pessoais e coletivos. Aprendizados estes que serão calcados nos conceitos de empatia e senso ético.
Consequentemente, percepções sobre a empatia serão desenvolvidas em vivências e reflexões teórico-práticas, visando a ampliação das perspectivas e possibilidades de intervenção humana no meio. Ao mesmo tempo, serão pesquisados o ser empático e a relação de nossos deslocamentos com a empatia e o senso ético. E isso de modo a estimular a investigação e opinião a respeito de ações/intervenções no meio consideradas mais empáticas e éticas pelos estudantes.
Os Eixos Contradições, Ética e Deslocamentos foram criados para alimentar os debates e potencializar as reflexões em torno do tema provocador. Pois, conforme acreditamos e praticamos, estes eixos permitem a aproximação do conceito-chave, partindo de rotas investigativas diferentes e, portanto, viabilizando que diferentes pontos de vista sejam abordados e construídos por educadores e educandos.
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