O Autoconhecimento visa não só o aspecto intelectual de bebês, crianças e jovens, mas o entendimento destes como sujeitos globais. Desde a afirmação de dois tipos de fundamento – mental e corporal – expostos pela filosofia de René Descartes (1596-1650), os processos intelectuais, no campo da educação, têm sido privilegiados em detrimento das demais formas de expressão, sejam elas corporais, emocionais etc.
Esta maneira dualista de enxergar os seres humanos fez com que os estudantes fossem entendidos como entes fraturados. Desta forma, eles são sempre chamados à razão e estimulados a, acima de tudo, pensar, como se o seu raciocínio pudesse ser desagregado de seu corpo físico e de seus sentimentos e emoções.
Isto pode ser facilmente observado quando lembramos de uma sala de aula tradicional, com suas cadeiras cartesianamente organizadas, para que os estudantes ali se sentem e assim permaneçam por longo período. Ou quando recordamos a clássica estruturação curricular, em que os momentos dedicados a atividades que envolvem o corpo são restritos às aulas de Educação Física.
É perceptível o protagonismo que o intelecto sempre teve na educação, na qual poucas vezes se considerou um sujeito completo, que explora todas as suas possibilidades de conhecer o mundo por meio de suas múltiplas formas de interação. Por outro lado, enquanto capacidade de identificar os próprios sentimentos, emoções e ações, o Autoconhecimento se mostra imprescindível para que bebês, crianças e jovens sejam capazes de enfrentar diversas situações, bem como reconhecer suas habilidades, qualidades, fraquezas, pontos fortes.